Neste espaço, vamos tratar de assuntos ampliados sobre temas que circundam o mercado de carbono, os desafios para implementação, assuntos ligados ao meio ambiente, sustentabilidade e novos comportamentos. Vamos traçar aqui semanalmente uma reflexão sobre questões básicas para tema, trazer alguns pontos de aprofundamento sobre questões relevantes para o setor, bem como trazer pontos que surgem nas notícias mundo nesse segmento.
Para iniciar essa conversa, vamos entrar um pouco mais sobre as bases dos créditos de carbono. Essa medida foi criada para mensurar as emissões de gases poluentes. Mas não só isso, é uma forma propositiva para fazer com o que é gerado pelas indústrias e pelas empresas possa ser compensado. É uma medida que visa a minimizar o impacto ambiental da produção. É a chamada “Pegada de Carbono”, que é o cálculo estimativo do quanto geramos de danos ao meio ambiente. E não é apenas as grandes corporações que têm responsabilidade nesse índice. Nós também temos uma responsabilidade individualmente, ao consumirmos determinados produtos, o tipo de serviço que utilizamos, o meio de transporte que escolhemos… Tudo isso vai compondo nosso índice que marca nosso rastro deixado no meio ambiente e que a natureza não consegue por si só recuperar.
Voltando a tratar das grandes empresas e governos, foi criado em 1997 os mercados de crédito de carbono, com o protocolo de Kyoto, um documento que criou as bases para a compensação por parte dos governos. Em 2015, houve a possibilidade de se criar os mercados voluntários, nos quais as próprias empresas poderiam negociar os créditos diretamente com produtores com áreas de mata nativa e cultivadas. Com isso se criam as bases para as negociações desses créditos, correspondentes ao equivalente do que foi jogado na atmosfera. Um crédito de carbono corresponde a uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) lançado no ambiente.
A preocupação com o clima é muito relevante diante dos inúmeros desastres de grandes proporções que vêm se tornando mais frequentes e potentes pela desregulação das temperaturas do planeta. O que a Organização Meteorológica Mundial (OMM) aponta é preocupante: a concentração de gases de efeito estufa bateu um novo recorde em 2019 e os níveis atuais de CO2 na atmosfera são equivalentes ao que era registrado há três milhões de anos, quando a temperatura do planeta era aproximadamente 3 ºC mais alta e o nível do mar superior entre 10 e 20 metros em relação a hoje.
Até agora, a pegada de carbono gerado especialmente pela aceleração da industrialização e da urbanização não parou de crescer, multiplicando-se por 11 desde 1961, e já responde por 60 % do impacto total do homem no meio ambiente, segundo estimativas da Global Footprint Network.
Essas emissões aceleram as mudanças climáticas, conforme adverte a Organização das Nações Unidas (ONU) em seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), por isso, se não as neutralizarmos a tempo, através da descarbonização da economia e de outras medidas, tais como os impostos ambientais, o que nos espera é um mundo muito inóspito.
Quando estamos trazendo um campo como esse, precisamos entender as lógicas de um mercado que pode parecer complexo, mas que está cada vez mais próximo de se tornar uma potência. E o Brasil tem muito a se desenvolver a partir de sua riqueza de áreas de florestas, bem como na implementação de negócios no campo e na cidade que podem otimizar a captação do carbono e a diminuição da produção desses gases. São temas que vamos tratar nos próximos capítulos.
|| Texto: Anderson Machado | Jornalista | comunicacao@abcarbon.org.br ||